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Foto do escritorGustavo Santos

Paradas no tempo, rotatórias em Jaguariúna causam 'nó' na vida dos motoristas


Rotatória da UPA recebe intense fluxo de veículos nos horários da manhã e tarde - Fotos: O Jaguar

Cidade que registrou um dos maiores crescimentos populacionais da região de Campinas nos últimos 10 anos, e um aumento da frota em 14 mil veículos no mesmo período, Jaguariúna chega a 2024 com uma estrutura viária no mesmo formato de décadas atrás. As rotatórias que distribuem motoristas a diversos bairros e também para as rodovias SP-095 (Pedreira) e a SP-340 (Campinas/Mogi), já não suportam a quantidade de veículos nos horários de pico, e são os principais gargalos no trânsito atualmente. “São rotatórias antigas, estreitas, que obrigam o afunilamento em suas utilizações”. A frase é do próprio secretário de Mobilidade Urbana de Jaguariúna, José Ricardo Cortez, há dois anos no cargo. Apesar dessa ‘constatação’ ser unânime entre os próprios motoristas, poucos projetos que possam dar maior fluidez ao trânsito saíram do papel. Uma dessas promessas de melhorias - empacada desde 2022 - busca intervenções na rotatória mais criticada da cidade: a do Jardim Planalto, chamada de “balão da UPA”. São seis ruas e avenidas que desembocam em um balão com apenas uma faixa de rolamento, estreita, e que se tornou cenário constante de acidentes e desrespeito às leis de trânsito. Para complicar, é nesse ponto onde está instalada a Unidade de Pronto Atendimento 24h, com entrada de ambulâncias em emergência a todo momento.“Muita gente não respeita o sinal de pare, passa sobre a faixa zebrada e constantemente tem acidentes”, observou o atendente Caio Augusto Santos, que trabalha em uma oficina de motos há quatro anos, em frente a rotatória da UPA. Ao perguntarmos o que ele faria, então, para o trânsito fluir naquele horário das 17h, a resposta estava pronta: “Não adianta semáforo aqui. Vai travar ainda mais as avenidas. O que eles deveriam fazer era transformar essas ruas paralelas (Amazonas e Tomaz Jasso) que são mão dupla, em apenas uma direção”. A proposta do morador se assemelha com o projeto inicial que foi para licitação há dois anos, mas suspenso assim que o secretário Cortez assumiu a pasta, no lugar do antecessor Josino Silva. As vias paralelas à Avenida Luciano Poltronieri, segundo o projeto inicial, se tornariam mão única e o balão seria “encurtado” para receber mais uma faixa de rolamento. Semáforos, como muitos reivindicam, foram descartados naquele ponto.



DEMORA Ricardo Cortez justificou que a proposta inicial de benfeitorias naquela rotatória foi abortada, pois mudaria em 200 metros um ponto de ônibus existente em frente à UPA. Com isso, segundo ele, os pedestres ou pacientes teriam que atravessar quatro ruas para acessar a nova parada do transporte público. “Além disso, seria necessária a remoção de 14 árvores de ipês adultas (ao logo da Av. Luciano Poltronieri)”. “Diante da proposta de refazer o projeto, houve a necessidade de reapresentar um novo projeto ao Erplan (Escritório Regional de Planejamento). Na semana passada, o projeto foi devolvido ao setor de Convênios (da Prefeitura) para ajustes, o que foi atendido e reapresentado para que o Erplan encaminhe a São Paulo novamente”, explicou o secretário. No entanto, essa ‘novela’ sobre o balão da UPA rende discussões acaloradas há tempos no meio político. A última delas aconteceu em outubro do ano passado, durante uma audiência da recém-criada Comissão de Mobilidade Urbana (Conmurb), realizada na Câmara de Jaguariúna. Na ocasião, o vereador e membro da comissão de Transporte do Legislativo, Wanderley Filho (Avante), ironizou a fala do secretário Cortez sobre o projeto da rotatória da UPA, ao dizer que estava “sem cara para falar ao deputado se a emenda foi aplicada ou não”. Foi Wanderley quem conseguiu, através do deputado estadual Alex Madureira (PL), uma emenda de R$ 300 mil especificamente para obras viárias naquela rotatória. “Estamos indo para o terceiro projeto a ser aprovado em São Paulo. Enquanto isso o fluxo, os acidentes e as imprudências aumentam na rotatória da UPA”, apontou Wanderley. Desde que foi criada a pasta de Mobilidade em Jaguariúna, há cinco anos, houve “pequenas intervenções pontuais, mas nada de concreto para a solução do problema viário do município”, avaliou.


Pedestres sentem a dificuldade diária de atravessar a rotatória da UPA

SOBRE A ROTATÓRIA Sem dar muitos detalhes sobre o que contempla o novo projeto do balão da UPA, o secretário de Mobilidade informou que haverá melhoria no ponto de ônibus e alargamento da faixa de rolagem, o que possibilitará ampliar a passagem de carros no ângulo da rotatória. Sobre as melhorias que a sua pasta realizou no trecho crítico do Jardim Planalto no último ano, Cortez admitiu que “basicamente foi possível manter a sinalização em boas condições”. Já sobre a verba para a execução do projeto, através de emenda estadual, disse à reportagem que “encontra-se ativa, em restos a pagar”. Um outro questionamento levantando na última reunião da Comissão de Mobilidade Urbana e que até o momento não foi definido trata-se da contratação de um engenheiro de tráfego. Um convênio para destinar profissional capaz de estudar e propor melhorias no trânsito ainda está em andamento, adiantou Cortez. DEMAIS GARGALOS “Porta de entrada para o Circuito das Águas”, conforme intitula-se Jaguariúna nas propagandas recentes, a primeira rotatória que o motorista se depara ao entrar no município recebeu uma pequena intervenção recentemente. Um alargamento da rodovia SP-95 possibilitou, em partes, uma melhor fluidez para quem entra no balão onde há o letreiro como o nome da cidade. A obra foi realizada dois dias antes do festival de rodeio – período em que aquele trecho provocava enormes congestionamentos. Naquele mesmo período, a administração pública havia anunciado outras duas intervenções em rotatórias, igualmente complicadas: na Avenida Emilio Marconato (subida do Distrito Industrial) e na Avenida Pacífico Moneda (Recanto Camanducaia). Essa semana, a Mobilidade Urbana afirmou que os projetos estão prontos, e que no balão da Emilio Marconato com a Avenida Vicenzo Granchelli há a perspectiva de colocação de semáforos. Esse conjunto semafórico, se concretizado, será o quarto a funcionar em toda a cidade – sendo três deles na região central. Sobre mudanças no tráfego de Jaguariúna previstas para 2024, Cortez finalizou: “Há a necessidade de contratação de profissional para que realize um estudo técnico mais aprofundado do tráfego na cidade”. “Jaguariúna tem um travamento nas rotatórias que precisam urgentemente de alargamentos para passar dois veículos. Precisamos criar faixas de aceleração e desaceleração. Tudo isso já era para ter saído do papel. Um absurdo em uma cidade com 60 mil habitantes, o morador não conseguir pegar o acesso para Campinas às 8h com fluidez”, pontuou o vereador Wanderley Filho. Nos últimos 10 anos, o município registrou um ‘boom’ imobiliário após a aprovação de 32 novos loteamentos e condomínios no período. Na mesma toada, a frota veicular municipal saltou de 33.164 para 47.179 veículos, segundo dados da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito).

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