Morador pega 5 anos de prisão por racismo contra presidente da Câmara e policial militar
Um morador de Holambra foi condenado a cinco anos, três meses de prisão por injúria racial contra o presidente da Câmara, Mauro Sérgio de Oliveira, o Serjão (foto), e um policial militar, cometida após uma live em maio de 2022. O ato aconteceu depois que Ricardo José Fonseca encerrou uma transmissão e esqueceu o celular ligado.
Na época, ele passou a conversar com a mulher e durante o diálago fez referências racistas às vítimas que são negras. A sentença saiu no último dia 30 de junho e divulgada pelas vítimas nesta semana. Pela decisão do juiz André Acayaba de Rezende, do Tribunal de Artur Nogueira, a pena inicial deve ser cumprida em reclusão. Ainda cabe recurso do influenciador, que não foi localizado pela reportagem.
A live foi sobre um desabafo do influenciador que tem cerca de cinco mil seguidores na cida- de, ou seja, um terço da população local que é de 15.119 pessoas. No vídeo, ele reclama do atendimento que teve no Conselho Tutelar da cidade, já que estaria com uma causa no órgão municipal relacionado aos filhos.
Após encerrar a transmissão, Fonseca esqueceu o celular ligado e ao conversar com a mulher, que é de descendência afro começou a falar sobre um evento que aconteceu no dia anterior envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara de Holambra na qual Bolsonaro fez uma brincadeira com o parlamentar, que era seu apoiador, sobre seu peso corporal. Serjão pesava 130 quilos. Na fala presidencial da época, ele referiu o peso da vítima como arroba.
Na ocasião, o parlamentar estava em Brasília. A brincadeira ocorreu no chamado cercadi- nho, na saída do Palácio da Alvorada. Naquele episódio, o vereador de Holambra foi saudar o presidente e, para isso, foi levantado por pessoas ao lado para que pudesse se destacar do grupo. A piada foi gravada por celulares e viralizou nas redes sociais.
Bolsonaro e Serjão não se conheciam pessoalmente e quando o ex-presidente viu que ele estava sendo ajudado a ficar em evidência, ironizou dizendo: "Tu pesa o quê? Mais de sete arrobas, né?". A arroba é a unidade de medida de peso do gado e cada uma equivale a 15 quilos.
No diálogo com a mulher um dia depois da brincadeira, Fonseca disse que se fosse ele no lugar de Serjão teria revidado a piada. Apesar da citação em uma suposta defesa do vereador holambrense, o influenciador se refere ao vereador como "gordo" e "preto" e diz que "mexer com gordo e negro é complicado. Se você ver quem é um negro é só dar poder à ele".
Fonseca também se refere a vítima como "gordo", "palhaço", "um bosta", "um nada em Holambra e ganhou um carguinho de vereador" e por Oliveira ser negro, os comentários dariam a entender que o parlamentar não teria capacidade para tal cargo.
Após as ofensas contra o vereador, o influenciador passou a falar do policial dizendo "se você quer ver como é um negro, dá poder a ele", citando a vítima ao dizer "o Andrezão não gosta de brancos, gosta de f. com brancos", "o negro caga na entrada e caga na saída".
“Ele sempre ataca funcionários da prefeitura em sua rede social. Até aí é aceitável ele criticar, mas ofender e caluniar uma pessoa é outra coisa. Na época fiquei muito chateado", comentou o presidente do Legislativo.
Segundo Oliveira, na época, ele e o policial ficaram sabendo da live através do vereador Hermindo Felix, que acompanhava ao vivo. Tudo ficou gravado e publicado nas redes sociais.
O policial militar já morou e atuou em Holambra, mas agora trabalha em Santo Antônio de Posse. Os dois registraram boletim de ocorrência de injúria racial, que foi denunciada pelo Ministério Público (MP) e julgada neste ano pelo Tribunal de Justiça (TJ).
"Fico feliz com a decisão. Demorou um pouco, mas valeu a pena. Esse tipo de atitude que o morador teve não cabe mais no tempo que vivemos. O cidadão aprende a não denegrir a imagem de alguém, depois que é punido", frisou o parlamentar. (Fonte: Correio Popular)
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