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Foto do escritorGustavo Santos

Jaguariúna investiga conduta de GMs armados e vestidos de gângsteres em casamento de vereador

Atualizado: 17 de mai.

Carregando fuzis e pistolas, guardas municipais de Jaguariúna entram vestidos de gângsteres na capela Santa Isabel, na histórica Fazenda da Barra, zona rural da cidade. O vereador e guarda municipal Silvio Teles de Menezes, o Menezes do Canil (PSD), é o noivo que lidera outros três homens com sobretudos e boinas. Dois deles, o comandante da GM e o inspetor, fazem a escolta.

No altar, ao invés do crucifixo, a foto de Pandora, a cadela de Menezes que faleceu recentemente. Apesar de estarem num templo católico, a cerimônia matrimonial é evangélica. A trilha sonora que acompanha a cena dos homens armados dentro da capela, ‘Red Right Hand’, faz jus à temática da cerimônia. Fã de Peaky Blinders – série que retrata a história de uma das mais sangrentas organização criminosa da Inglaterra – o vereador Menezes atua como o ‘líder’ da gangue, Thomas Shelby.

Foto de cadela do vereador substitui o crucifixo da capela Santa Isabel

O recinto tem crianças, mulheres e alguns convidados do lado de fora. Uma das armas, aparentemente um fuzil modelo T4 - adquirido recentemente pela Secretaria de Segurança -, está sendo portado num domingo (28/4), por homens sem farda, em um evento particular. Os envolvidos garantem que eram réplicas.


Dos poucos vídeos que sobraram nas redes, após a atitude dos servidores gerar polêmica, a descrição de um deles faz a seguinte menção: “Um casamento bem seguro. Os Peaky Blinders arrasaram meninos”, escreve a esposa do comandante.

No entanto, não foi dessa maneira que a Secretaria Municipal de Segurança interpretou. À reportagem, a pasta informou que já determinou à Corregedoria da Guarda Municipal, “apuração administrativa dos respectivos fatos relatados”. Dois dias depois do casório, o comandante da GM entrou de férias, e retornará às atividades somente no dia 20 de maio, conforme portaria publicada em Diário Oficial do dia 2 de maio.


Diante de outros questionamentos, sobre afastamentos dos envolvidos, política de manejo de arma portátil de grosso calibre para fins particulares e, até mesmo, uso de roupas de gângsteres por homens que combatem a criminalidade, a Segurança não se posicionou.


Na manhã desta quinta-feira (9), a reportagem esteve na sede da Fazenda da Barra, onde também funciona o canil municipal. Menezes disse que estava tranquilo pois não observa nenhuma irregularidade em sua conduta. Afirmou que foi uma festa temática e que como tem porte para fazer uso de armamento, estava dentro da legalidade.

A reportagem conversou com uma fonte, também da área de Segurança, que rebateu as “normalidades” que os agentes estão tentando imprimir ao caso. Segundo ela, as armas longas (fuzil), portáteis, são usadas no emprego de proteção de equipe, e não devem estar fora da instituição se não for para esse fim. Já as armas curtas, como as pistolas, podem ser carregadas pelos agentes, mas desde que de maneira velada, na cintura, e não de maneira ostensiva como mostram as imagens.

De acordo com decreto que regulamentou o uso da Fazenda da Barra para atividades particulares, como casamentos, festas e reuniões de empresas, não há restrições para uso de armas de fogo. Apenas proíbe-se eventos que façam apologias a drogas e ensaios de nudez. A Secretaria de Turismo e Cultura, responsável pelo espaço, não informou se haverá mudança na legislação a partir do episódio balístico. Apenas apresentou as notas da taxa pública, no valor de cerca de R$ 2.100,00, pagas pelo vereador Menezes do Canil, e que serão destinadas ao Fundo Municipal de Cultura.

O padre da Paróquia Santa Maria, Ademir Bernardelli, ao ver a gravação, tratou o ato como “profanação” e “absurdo” o uso de armas dentro de um templo católico. Já o padre Carlos Roberto de Oliveira, da paróquia Santa Dulce (que abrange a área da capela), disse que não poderia opinar, por ser um local particular.


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