Consciência Negra: Negros pioneiros em Jaguariúna
Alguém escreveu: “Respeito não tem cor, tem consciência!”. Relembrei e reescrevo um trecho de música de Gabriel, o Pensador que canta: “Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante / O que que importa se ele é nordestino e você não? / O que que importa se ele é preto e você é branco / Aliás branco no Brasil é difícil, porque somos todos mestiços / Se você discorda, então olhe para trás / Olhe nossa história / Os nossos ancestrais / O Brasil colonial não era igual a Portugal. / A raiz do meu país era multirracial / Tinha índio, branco, amarelo, preto /Nascemos da mistura, então por que o preconceito? / Barrigas cresceram / O tempo passou / Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor / Uns com a pele clara, outros mais escura / Mas todos viemos da mesma mistura...”
Neste 20/11 o dia raiou com este pensamento e a doce lembrança de quem escreve a história hoje, nesta terra. Lembrei-me cedo do Padre Maciel Pinheiro que edifica seu sacerdócio, neste momento, em Salvador (BA). Sandra Regina (Deolindo) de Souza, produtora cultural, aqui entre nós. De seus irmãos Carlinhos José (engenheiro), Márcia, da Teresinha do Carmo Ribeiro, Maria Juliana dos Santos, vozes do Canto Litúrgico e ação de décadas no Ministério da Igreja, de geração em geração. Quanta benemerência!
A participação de todos vem registrando a história do Velho Jaguary. O acervo desta Reserva Técnica quer pesquisar a genealogia dos negros pioneiros. Como a Casa da Memória Padre Gomes de Jaguariúna os procura!!!. Nosso artigo passado “Fazenda da Barra no Correio Paulistano de 1887” mostra novidades sobre as Terras do Padre Roque de Souza Freire. Era primo do Barão de Pirapitingui (Tenente Cel. José GUEDES de Souza).
O sacerdote, bem antes da abolição da escravatura, deixou seus 500 alqueires de terra para os 95 negros que herdou com sua propriedade, após dar-lhes a Carta de Alforria. As terras ficavam próximas da Estação de Guedes. Para onde foram? Quem permaneceu?
Ainda hoje ouvimos a expressão “lá nos forros”, “Sítio dos Forros”. A Casa da Memória Padre Gomes que pesquisa a história dos Negros em Jaguariúna, porque fazem parte de nossa história, neste 20 de novembro, homenageia todos os irmãos brasileiros cujos ancestrais têm sua origem africana. Vieram para servir de mão de obra escrava no Brasil colônia.
Trabalharam na extração do ouro, grande mineração do século XVIII. Vindos traficados da Bahia, para São Paulo cultivaram, novamente os canaviais para a produção do açúcar no século XIX. Lavraram os cafezais produzindo o ouro negro, exportado para a Europa. Aqui trabalharam muito, aqui sofreram, aqui contribuíram para com a formação da nossa terra, da nossa gente, da nossa cultura: trabalhando na agricultura e ´pecuária, serviços domésticos nas sedes das fazendas, cuidando de novas gerações, rezando, cantando, dançando, construindo uma nova e sublime cultura.
Em nossa limitada pesquisa, rabiscamos a genealogia, recolhendo a tradição oral, algumas fotografias, das Famílias Negras Pioneiras de Jaguariúna. Com esta Homenagem à Consciência Negra, reiteramos o apelo aos seus descendentes para complementar este acervo nesta Instituição de Memória.
Pois em tudo de nossa cultura, os irmãos negros estão presentes. Com uma nova conscientização, sob a Lei 9.639/2003 e 11.645/2008, esta história de nossos povos começa a receber, nas Escolas e na sociedade, um novo tratamento.Lembremo-nos hoje destas saudosas raízes: José Malachias (ferroviário, sensitivo, curandeiro), filho de Nazário Malachias e de D. Almerinda Moraes. Nazário veio de Modesto, reprodutor na Senzala da Faz. Atibaia. Família de trabalhadores honrados que sempre elevou nossos esportes no cenário estadual e brasileiro.
José Matheus Santana, filho de José Matheus e de D. Olegária M. Santana, casado com D. Dejanira Roque de Sousa Santana (Cozinheira “dez”), irmã de Maria Roque de Souza Ignácio (D. Maria Matapasto, bondosa Benzedeira de nossas crianças.), esposa do Sr. Aristides Ignácio, pais de Antônio Carlos Ignácio ( Matapasto). Deolindo Gabriel Roque de Souza, exímio ferreiro, construía ferramentas, servia a todos com sua especialidade. Casado com D. Januária Maria da Conceição de Sousa.
Juliana Dionísio dos Santos servia a igreja e à sociedade com seu sorriso e trabalho. Filha de Thomaz e Adelina Dionísio. D. Eva Telles Menezes da Silva (sensitiva, benzedeira) lá na Rua de Baixo. Famílias Ventura, Gregório, Soares, Teodoro, Oliveira, Diogo, Carvalho Mineiro. Deve haver muitas famílias pioneiras que aqui permaneceram.
Ajudem-nos a pesquisar e coletar sua genealogia e documentos. Nossas memórias, nossa história, nossa Identidade!
Tomaz de Aquino Pires, professor e coordenador da Casa da Memória Padre Gomes, de Jaguariúna.
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